Saturday, November 15, 2008

"Ela amava o muro de concreto frio como se fosse o lençol mais quente e macio de um hotel luxuoso de Paris"

Uma sensação nostálgica aparente vinha com o vento do mar para fazer prova dos pregadores de roupa. Uma leve brisa soprava um ou outro lençol que se perde na paisagem entre os concretos. Os cabelos formam emaranhados e estão presos em laços que se escondem pela noite fria. Por alguns momentos pode-se imaginar como seria se o vento do mar pudesse levar tudo o que nos pesa tanto.

Contemplação. A pressão e dificuldade para respirar golpeia o coração e o rim que outrora abrigavam seus sentimentos mais sinceros e profundos. Cerrar os olhos dói demais. Os sonhos já foram despedaçados. Cansaços e decisões. Amor e saudades. Suspiros e gemidos. Flores e lençóis.

E a certeza de que nunca, em nenhuma parte do mundo encontraria aquilo que a completasse como foi aquela época de tormentos intelectuais. Sim, o pleno delírio. O infinito do finito. A inSANidade sincera dos que amam.

E ela imagina um longo varal entre o seu prédio antigo e aquela Bela Vista.

Sim, ela voltará a falar sobre lençóis.

4 comments:

Maurício Fonseca said...

Lembro sim, "Um Circo de rins e fígados" com Marco Nanini...Gerald é um super cara, é desses artistas que a gente encontra em livros de historia da arte...

Homens também tem as mesmas teimosias, as mesmas dúvidas, sobre o infinito - até que um dia algo acaba, e parece que compreendemos tudo a partir de então.

Maurício Fonseca said...

PS: adorei a lembrança do bolero de Luis Miguel direto do tunel do tempo, quer dizer dos corredores do Shopping Eldorado numa chuvosa noite de quarta feira de um verão em 2005 - foi lindo ;-)

Maurício Fonseca said...

Saudades de tua insônia
culta e bela
me enchia de sonhos líricos
Saudades de tua insônia
insegura e frágil
que se perdia em meus braços


12 de Outubro de 2007

Maurício Fonseca said...

E vc não espera mais por ele?