Tuesday, November 29, 2005

Ao meu amor, com amor

Amo-te tanto que até dói Amo-te com todo meu coração, Minha alma, minhas artérias Meu rim e toda a minha calma que sempre se invade com o mar da minha insanidade Amo-te com minha fé Com minhas mãos e pés Esses que me faz seguir e te acompanhar pelos fios que vc insiste em trilhar Amo-te com tudo que há em mim E até com o que não há Amo-te com meu Sol, e minha chuva Com minha lua e todos os meus papéis. Amo-te total e absolutamente Com todos os seus adjetivos ímpares, minhas reticências infinitas e meus incontáveis pleonasmos Amo-te cega e veneradamente Com minhas pétalas e chamas Meus orvalhos de voltas e revoltas Amo-te como meu chão e como meu céu Como meu Apolo que me [en]canta músicas E poesias nos jardins do nosso amor-perfeito imaginário Amo-te...

Saturday, November 19, 2005

E assim
esperarei novamente
o inteiro despedaçar-se
no meu caminho
e no jardim oblíquo
remontaremos tangrans
e as flores do meu quintal

perdidas

Friday, November 11, 2005

Da sua ausência

Querido, Hoje coloquei o lençol no varal...O nosso lençol azul-violeta [descobri outra cor que dá a mesma sensação do rosa]... Parei diante dele e comecei a escrever nossos versos de amor tantas vezes sussurradas sobre ele, a poesia dos nossos gestos, dos desejos e anseios que infinitas vezes nos queimaram ali mesmo...Cifrei cada nota das melodias que já nos embalaram...Desenhei cada curva dos nossos corpos amarrados entre nós mesmos, e pintei o ângulo mais belo do seu olhar...Gravei alguns flashes do nosso amor materializado e infinitas vezes testemunhados por ele...Bordei nela as nossas risadas com os fios dos seus cabelos deixados por lá...E também, meu amor, costurei alguns retalhos dos nossos sonhos nunca planejados ainda, o nosso jardim florido, o rio que cortaria o nosso pomar e nossos lindos cãezinhos... E enquanto [re]vivo essa minha saudade de vc, fico sentada próximo ao nosso lençol esperando que ele me acaricie, ou que o vento se encarregue de dar a forma de cada traço talhado, ou que nos envolva novamente nas noites frias...Ou o que vier primeiro....

Sunday, November 06, 2005

Das esperas # 2

Mais uma vez dobro minhas pálpebras e verto meu sorriso em lágrimas porque do resto eu já sei... Não te aguardo e nem te guardo mais. Muito menos quero saber onde anda o amor. Sim, aquele que me transbordava em graças... Considerações desconsideradas. Há um calo no meu silêncio. Interrogo minhas ácidas palavras inexistentes. Nas suas verbalizações e repetitivas desculpas. Os seus eternos blá blá blás. Nos teus gestos e nas tuas atitudes que dissimulam as minhas angústias. Concluo: Eu sou a melodia triste e solitária dos sábados chuvosos. Eu, inSANa Inconstante Bipolar Adjacente e Minguante.

Das esperas # 1

Um vento que beija a mão
A violeta que perfuma o ego
pinta e borra nublando a alma
Nada vai mudar...
Os sapatos continuam no mesmo lugar
Silêncio dos passos únicos
Incertezas dos gestos
Eternos indos e vindos

Saturday, November 05, 2005

Lembra, lembra, lembra, lembra???

...Eu lembro meu bem,
mas o que adianta
se seu amor te esqueceu?

Tuesday, November 01, 2005

Desanestesias do segundo ato

Congruente e amargo
Um ciclo fechado
Uma ode, um nada
em preto e branco
um tango, um bolero
num filme antigo
que ninguém mais vê...

[Mas se ninguém vê...Por que ainda dói muito???]

Se você fosse uma flor...

...
Seria como a pedra,
que segura a correnteza
Como uma nuvem branca
em céu nublado de inverno
A pálpebra num
não piscar de olhos
A estrela invertida
Nos escombros do sol
E eu seria uma borboleta
Que bem-te-vejo
como uma flor Ciclame

Monday, October 31, 2005

Insônia

Entediada nesse ócio indócil
Enquanto Hades dorme,
a noite amanhece
e apaga as estrelas com seu olhar nublado
Desisto de ressuscitar da morte livros já lidos
perdidos, e esquecidos
Eu fixo os olhos e finjo
Mas a luz pontuda me incomoda
Nas pausas obtusas e agudas
Entre meus passos e antepassos, tropeço
Com o beijo do meu mundo
Desato seus olhos e te amanheço
Invento meus sonhos como quem faz canções
Então eu vivo...
E preparo os joelhos para uma queda
E os braços pra vestir as asas.
Eu poderia continuar a traçar suas estrelas E desenhar nossos afagos E susurrar nossas alegres cores em tuas mãos E esquecer o nanquim nas nuances tantas vezes por nós ensaiadas Mas agora, agora meu bem Preciso apenas de um ponto de fuga E recomeçar uma nova pintura Quadro a quadro... Das cores que não senti... Eu sabia... Não era amor.

Sunday, October 30, 2005

Pequenos pecados
Pequenos fragmentos de ilusão
Grandes paixões
Alumbramento
Que bebo e...abSINTO

Saturday, October 29, 2005

Parafraseando um sonho

Dorme, dorme que amanhã não tem sol enorme [eu descobri que não posso pedir] E vamos caminhar cada um de seu lado pelas alamedas do parque; E rir do meu ridículo amor; E ver as flores-de-maio que não florescem em quase novembro, nem em dezembro e nem em janeiro; E tão lindas que elas são [mesmo que só nas minhas fantasias] que só de vê-las, ainda assim te amo mais...
ele sabe do meu alfabeto,
esse mesmo que não existe,
enquanto invento verbos e estados pra ser.
Eu curiosa enquanto convenciono :
. o amo.
LETARGIAS
Eu esqueci minha boca nas suas agressões
Nesses últimos dias não tenho mordido ninguém
Minha fundação é profunda e firme nas sensibilidades ressentidas
mas nem choro mais
Talvez por isso virei as costas quando me deparei comigo mesma
numa livraria, em frente ao café
Eu que aprendi a gostar de gloss vermelho
Não, não é escapismo
É o que usamos para realçar por onde entram e saem
as emoções, o calor da vida
Ou minhas amarguras
Essas aí
Adoço vozes
Eu azeda, ardendo em letargias
que remexo diariamente
entre pistas e manchas
estre repetições tolas de dentes dormentes
Enquanto enterro, persistentemente
meus mortos vivos
Não há outro jeito
O meu escárnio se revela sorrateiramente
Poeiras dos idos
Aprendi a gostar de gloss vermelho
E de mim

Fronteira

Ela amava o muro de concreto que existia dentro dele...
Ao contrário das outras, não queria derrubar o muro.
Não queria entrar à força.
Não queria invadir, saquear, usurpar.
Não trazia consigo cavalos, armas ou exércitos.
Queria apenas se recostar naquele muro frio e forte.
Amava o muro e a sensação de isolamento e proteção.
Só queria se sentar à fogueira e beber do vinho daqueles sorrisos...

Friday, October 07, 2005

Ser a mulher mais feliz do mundo não me traria felicidade...

Wednesday, September 21, 2005

Já descobri por que as pessoas apaixonadas imploram pelo amor da pessoa amada.
Pra poder viver...

Só isso...
Tempo perdido
Amor contido
Sem sentido
Sem tido
Sem ido
Sem dó
Sem
Se
.

Tuesday, September 20, 2005

Minha Noite

"Minha noite é como um grande coração batendo. São três e meia da madrugada. Minha noite é sem lua. Minha noite tem olhos grandes que olham fixamente uma luz cinzenta filtrar-se pelas janelas. Minha noite chora e o travesseiro fica úmido e frio. Minha noite é longa, muito longa, e parece estender-se a um fim incerto. Minha noite me precipita na ausência sua. Eu procuro, procuro seu corpo a meu lado, sua respiração, seu cheiro. Minha noite me responde: VAZIO. Minha noite me dá frio e solidão. Procuro um ponto de contato: a sua pele. Onde você está? (...) Não é possível que você não esteja aqui. Minha cabeça vaga errante, meus pensamentos vão, vêm e se esfacelam, meu corpo não pode compreender. Meu corpo quer você. Meu corpo quer esquecer-se por um momento no seu calor, meu corpo pede algumas horas de serenidade. Minha noite é um coração de estopa. Minha noite sabe que eu gostaria de olhar você, acompanhar com as minhas mãos cada curva do seu corpo, reconhecer seu rosto e acariciá-lo. Minha noite me sufoca com a falta de você. Minha noite palpita de amor, amor que eu tento represar mas que palpita na penumbra, em cada fibra minha. Minha noite quer chamar você, mas não tem voz. (...) São quatro e meia de madrugada. Minha noite me esgota. Ela sabe muito bem que você me faz falta e toda a escuridão não basta para esconder essa evidência. Essa evidência brilha como uma lâmina no escuro. Minha noite quer ter asas para voar até onde você está, envolvê-lo no seu sono e trazê-lo até onde estou. Minha noite não traz conselhos. Minha noite pensa em você, sonha acordada. Minha noite se entristece e se desencaminha. Minha noite acentua a minha solidão, todas as minhas solidões. O silêncio ouve apenas minhas vozes interiores. Minha noite é longa, muito longa. Minha noite teme que o dia nunca mais apareça, porém ao mesmo tempo minha noite teme o seu aparecimento, porque o dia é um fio artificial em que cada hora conta em dobro e, sem você, já não é vivida de verdade. Minha noite pergunta a si mesma se meu dia não se parece com a minha noite. Isso explica à minha noite por que razão eu também tenho medo do dia. Minha noite tem vontade de me vestir e me jogar pra fora, para ir procurar o meu homem. Minha noite o espera. Meu corpo o espera. Minha noite quer que você repouse no meu ombro e que eu repouse no seu. Minha noite quer ser voyeur do seu gozo e do meu, ver você e me ver estremecer de prazer. Minha noite quer ver nossos olhares e ter nossos olhares cheios de desejo. Minha noite é longa, muito longa. Perde a cabeça, mas não pode afastar de mim a sua imagem, não pode fazer desaparecer o meu desejo. Ela morre por saber que você não está aqui, e me mata. Minha noite o procura sem cessar. Meu corpo não consegue conceber que algumas ruas ou uma geografia qualquer nos separem. Meu corpo enlouquece de dor por não poder reconhecer no meio da minha noite a sua silhueta ou a sua sombra. Meu corpo gostaria em plena noite de dormir e, nessas trevas, ser despertado com os seus beijos. Minha noite não conhece hoje sonho mais belo e mais cruel do que esse. Minha noite berra e rasga os seus véus, minha noite se choca contra o próprio silêncio, mas meu corpo continua impossível de ser encontrado. Você me faz tanta falta, tanta. E suas palavras. E sua cor. Logo o dia vai raiar." Carta de Frida Kahlo à Diego Rivera. Cidade do México, 12 de setembro de 1939. -------------------------------------------------------------