Tuesday, November 25, 2008
Monday, November 24, 2008
Lapsos # 02
Fotografar é um beijo invertido, então olhar é dar movimento à saudade inerte.
Há fotos que têm cheiro de gaveta, algumas de licor, outras de calendário vencido, mas as que ficam perdidas navegando pela aorta são aqueles que têm cheiro de abajur.
Seus feixes de luz atravessam a escuridão da alma e não conseguem olhar para trás.
Outro dia vi uma fotografia dessas, com cheiro de abajur. Abri os olhos, senti novamente aquele aroma de música de câmara e vi que já não sentia mais os pesos de nada...nem da alma, nem do coração, nem do rim... de mais nada...Apenas sentia a síncope do coração, como uma nota de um tango...Os olhos no limite das lágrimas, o pé marcando o ritmo e o compasso...E tudo se encaixando como deveria ser...
E agora estamos aqui apenas tentando atravessar o nosso tempo. Um tempo presente de um verbo inconjugável.
Tudo isso porque o nosso pretérito sempre será menos-que-perfeito.
Saturday, November 15, 2008
"Ela amava o muro de concreto frio como se fosse o lençol mais quente e macio de um hotel luxuoso de Paris"
Uma sensação nostálgica aparente vinha com o vento do mar para fazer prova dos pregadores de roupa. Uma leve brisa soprava um ou outro lençol que se perde na paisagem entre os concretos. Os cabelos formam emaranhados e estão presos em laços que se escondem pela noite fria. Por alguns momentos pode-se imaginar como seria se o vento do mar pudesse levar tudo o que nos pesa tanto.
Contemplação. A pressão e dificuldade para respirar golpeia o coração e o rim que outrora abrigavam seus sentimentos mais sinceros e profundos. Cerrar os olhos dói demais. Os sonhos já foram despedaçados. Cansaços e decisões. Amor e saudades. Suspiros e gemidos. Flores e lençóis.
E a certeza de que nunca, em nenhuma parte do mundo encontraria aquilo que a completasse como foi aquela época de tormentos intelectuais. Sim, o pleno delírio. O infinito do finito. A inSANidade sincera dos que amam.
E ela imagina um longo varal entre o seu prédio antigo e aquela Bela Vista.
Sim, ela voltará a falar sobre lençóis.
Contemplação. A pressão e dificuldade para respirar golpeia o coração e o rim que outrora abrigavam seus sentimentos mais sinceros e profundos. Cerrar os olhos dói demais. Os sonhos já foram despedaçados. Cansaços e decisões. Amor e saudades. Suspiros e gemidos. Flores e lençóis.
E a certeza de que nunca, em nenhuma parte do mundo encontraria aquilo que a completasse como foi aquela época de tormentos intelectuais. Sim, o pleno delírio. O infinito do finito. A inSANidade sincera dos que amam.
E ela imagina um longo varal entre o seu prédio antigo e aquela Bela Vista.
Sim, ela voltará a falar sobre lençóis.
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